O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Sergipe (Creci-SE), Sérgio Sobral, foi convidado a participar de audiência pública na Assembleia Legislativa (Alese), no dia 31 de maio. Na pauta, discussões sobre a situação das casas de veraneio que estão localizadas na Praia Caueira, município de Itaporanga  D’Ajuda. Isto porque o Ministério Público Federal (MPF), por meio de uma Ação Civil Pública (ACP), compreendeu que além de a praia estar inserida em uma Área de Preservação Permanente (APP), o local protege um berçário de espécies de tartarugas marinhas em risco de extinção. Sobral julgou positiva a iniciativa da audiência, proposta pelo deputado estadual Luciano Pimentel. “É uma pauta que envolve a comunidade daquelas regiões, então é justo e necessário discuti-la juntamente com os moradores e órgãos envolvidos”, ressaltou.

Estavam presentes, na oportunidade, moradores dos municípios de Itaporanga D’ajuda e de Estância, representantes de órgão públicos estaduais e federais envolvidos com a área ambiental, parlamentares estaduais e do município de Itaporanga, corretores de imóveis e consultores ambientais. “O juízo da 7ª Vara Federal de Sergipe determinou a vedação de novas construções e a paralisação das que estão em curso na Praia da Caueira, mas o problema do litoral é mais complexo do que o que se imagina, e está atingindo todo o litoral sul, afetando o mercado imobiliário, o turismo e, consequentemente, a economia do estado. Sergipe não tem uma política de turismo, o que falta para resolver essa situação é gestão. Desde o governo de Antônio Carlos Valadares existe um projeto para resolver o problema do litoral sergipano, mas até hoje, entra governo, sai governo e nada muda”, lamentou Sérgio Sobral.

O presidente do Creci-SE compartilhou algumas informações para argumentar porque somente derrubar casas e outras edificações não resolve os problemas em questão. “No Nordeste, apenas Teresina (PI) possui menos quartos de hotel do que Aracaju. Aqui o turismo não existe. Praticamente 80% das pessoas que vêm para cá são da Bahia e buscam nosso Estado por conta da tranquilidade, para fugirem das festas. É inadmissível, porque Sergipe é um Estado de mão de obra farta e qualificada, de terra barata e que tem sol o ano inteiro. A coisa mais difícil é encontrar praias nativas no mundo e Sergipe tem, mas isto não é explorado como poderia ser – em benefício da economia e da população. O mercado imobiliário na Bahia e em Alagoas é forte porque os turistas nacionais e internacionais investem nesses estados. A gente percebe que também falta vontade política para incrementar o turismo”, pontuou.

Referindo-se às praias da Caueira, em Itaporanga, do Abaís e do Saco, em Estância, Sobral frisou ainda que “se fosse em outro Estado, já teríamos uma estrutura de hotéis, resorts e restaurantes montados. Essa união dos órgãos todos aqui nesta audiência revela a dimensão do problema. Não existe uma política de atração de investidores. Nos últimos dois anos, muitas empresas foram embora para a Bahia e Alagoas, porque lá os tributos são menores e o Estado ajuda dando condições e incentivos”, justificou, aproveitando para descrever as condições em que se encontra a Orla de Aracaju. “Nem aquela Orla, a mais bonita do Brasil, estão mantendo. Nem o que fizeram estão mantendo. Como sergipanos, ficamos tristes com esta realidade. O problema do turismo e do setor imobiliário é difícil. No caso da Caueira, por exemplo, aquele loteamento existe há uns 30 anos, aprovado e registrado pelo próprio Governo, que fez serviços de calçamento e drenagem. E agora vão derrubar as casas? Isso não tem lógica alguma. É preciso discutir e tentar resolver da melhor maneira possível. O mar continua avançando e o Governo não toma as devidas providências para proteger o litoral sergipano”, concluiu.